Muitas vezes somos traídos pela tendência de falar sem pensar e de forma irrefletida.
Deus, em sua infinita sabedoria, nos fez possuidores de uma só boca e dois ouvidos, querendo com isso que utilizássemos em dobro nossa capacidade de ouvir e nos habituássemos à contenção de palavras inúteis e julgamentos impróprios.
Geralmente, na hora da empolgação, somos inconvenientes no falar, falamos o que não sabemos ou do que não nos é de direito e sempre, ou quase sempre, vem o arrependimento depois. Mas, muitas vezes, esse arrependimento não é suficiente para remediarmos os danos causados nas outras pessoas.
“Cuidado com as palavras pronunciadas em discussões e brigas que revelem sentimentos e pensamentos que na realidade você não sente e não pensa... pois, minutos depois, quando a raiva passar, você delas não se lembrará mais... Porém, aquele a quem tais palavras foram dirigidas, jamais as esquecerá...“. Essa é uma frase de Charles Chaplin, bastante apropriada para nos alertar sobre a armadilha do “falar demais”.
É complicado isso, mas realmente tem gente que fala demais. Psicólogos explicam que quem fala demais fala porque sente prazer nisso, a fofoca dá à pessoa ‘fofoqueira’ a sensação de que ela é alguém importante no meio daquele grupo só pelo simples fato de estar passando uma informação que ninguém mais tem. A vontade de ‘aceitação’ e de externar essa sensação é tanta que a pessoa perde a noção do que diz, inventa e/ou aumenta em relação à ‘notícia’ que está transmitindo a terceiros. Geralmente esse tipo de pessoa fala de assuntos alheios justamente por achar que não tem nada interessante a dizer a respeito de si mesma. Que levante a mão quem já foi alvo de fofoca. Bem, então bem vindos ao clube!
Ouvi certo pastor dizer que ‘somos para o nosso semelhante um espelho do que somos para Deus’. Perguntas: Que tipo de pessoa estamos sendo para o nosso semelhante? Que tipo de pessoa somos para Deus? (ou simplesmente) Que tipo de pessoas somos?
Nem sempre o “falar demais” manifesta-se nas horas de raiva. Mas, a tendência em falar mais da vida alheia, namoros, demissões e problemas dos outros incentiva a proliferação de boatos e fofocas. Ao ‘fofoqueiro’ não é tão interessante falar dos valores que nos enriquecem.
Wendell Johnson, grande teórico da comunicação, escreveu: “Nossa vida seria mais longa e rica se despendêssemos a maior parte dela na tranqüilidade silenciosa do ouvir pensativamente”. Às vezes faço essa cara de quem está ‘ouvindo pensativamente’, por estar ouvindo e processando a informação, pensando, observando.
O ser humano é inquieto por natureza, e daquilo que chega a ser dito para nós a maioria passa despercebido e não ouvido. Temos, ainda, que aprender a usar as maravilhas do falar e do ouvir em nosso próprio e melhor interesse e para o bem de nossos semelhantes. Essa é, também, a mais extraordinária das artes a ser dominada pelo homem. Saber o que falar e aprender a ouvir!
Ouvir é renunciar! É a mais alta forma de altruísmo em tudo quanto essa palavra signifique de amor e atenção ao próximo. Talvez por essa razão a maioria das pessoas ouça tão mal, ou simplesmente não ouça. Vivemos imersos em cogitações pessoais e é raro conseguirmos passar algum tempo sem pensar em nós mesmos.
Reflita sobre o ensinamento de Albert Schweiser que diz que “o verdadeiro valor de um homem não pode ser encontrado nele mesmo, mas nas cores e texturas que faz surgir nos outros....”.
Para falar bem não basta uma boca. Há muita gente que, não sabendo usá-la, tem feito um grande estrago com o que diz.
Saber ouvir leva tempo, prática e paciência. É uma arte que mantém vivos o respeito, a afeição, a amizade, o sentimento de confiança que o outro deposita em nós. Faz com que nossos clientes, colegas de trabalho, filhos, cônjuges, namorados e amigos, sintam-se como pessoas importantes e amigos privilegiados. Assuma, hoje mesmo, um compromisso de falar menos e ouvir melhor. E quando for falar, pense bem no que vai dizer, se o que vai dizer é verdade, se é sobre você ou se é assunto de outra pessoa, se você tem permissão para falar sobre esse assunto, se o assunto não vai prejudicar ninguém..., enfim. Antes de falar, pense!