07/06/2010

A Saga do Amor - Parte I (Escolhendo a pessoa)


Imagine a história (não tão incomum, eu garanto):

Um jovem se envolve com alguém e constrói um relacionamento cheio de afinidades intelectuais, culturais, afetivas e físicas. Tudo corre bem até que aparece uma terceira pessoa que se apossa do interesse do jovem.

No momento em que uma terceira pessoa desperta a atração, surge a necessidade de escolher, o que desencadeia tanto medos e culpas quanto muito sofrimento. Vêm então a sensação de culpa e a tentativa de negar a força da nova relação, reafirmando o amor incondicional e infinito pela pessoa com quem já vinha se relacionando. E aí é que está o dilema: com quem ficar?

Ele se sente comprometido com a primeira pessoa que entrou na sua vida, pelas promessas já feitas, próprias e inevitáveis das relações amorosas. Por essa culpa e em nome da ética, poderá, com muita dor, renunciar ao novo amor e aprisionar-se em um relacionamento que poderá ser feliz, mas presumivelmente não terá a alegria e a vitalidade que haveria na outra relação.

Outro fator que pesa é a sensação de segurança resultante do tempo de convivência, dos planos para o futuro a dois, das redes familiares que se formam, das reafirmações de um amor verdadeiro que se pretende indestrutível.

Mesmo com todas essas sensações será uma escolha acompanhada de terrível sentimento de perda de algo novo, que poderia ser muito bom. A opção pela outra relação também traz sofrimento, pela perda de uma ligação boa, carinhosa e confiável, pela culpa e também pelo sentimento de ser um canalha que coincidirá com o julgamento social (que acaba, injustamente, acontecendo, mesmo que ele esteja tentando agir da forma mais correta possível).

O dilema é de difícil solução e será preciso um tempo para que nessa dinâmica a três apareça uma escolha. Quando falo de dinâmica, penso nas diferentes reações possíveis de cada um dos componentes do trio em suas interações. Não há o que fazer a não ser esperar que a situação se desenvolva de modo que, por seu movimento próprio, venha apresentar uma saída.

Esta, porém, nunca será inteiramente satisfatória.

Escolher entre dois amores não é nada fácil, porque envolve perdas. Um envolvimento amoroso que se forma em meio a outro (sendo este ainda um compromisso ou uma relação acabada e mal resolvida) gera tanto angústia quanto confusão na maioria das pessoas. A decisão sobre com quem ficar deve partir de uma contabilidade delicada entre o que manda a razão e o que pede o coração.

O difícil, porém, é aceitar que no momento em que se opta por um dos amores certamente se estará perdendo o outro.

Conselhos não adiantam. A paixão é cega, surda e burra. Se somos mais emocionais, seguimos o coração. Se somos mais lógicos, escolhemos a razão. Feita a escolha, deve-se aceitar a perda e deixar o outro seguir seu caminho. Assim poderá ser feliz. Simples assim? Não! Acredite em mim: é beeeem mais complicado na vida real. Eu sei o que estou dizendo.


(Baseado nos estudos de Nahman Armony, médico psicanalista e Leniza Castello Branco, psicóloga e analista).

Um comentário:

silvioafonso disse...

.

Este assunto é muito fácil de
ser evitado. Basta que abramos
mão dos nossos sentimento e não
usemos a boca pra falar e a
cabeça para refletir. Que
estejamos, sempre, de joelhos à
disposição do inquiridor. Que
sejamos escravos de todas as
vontades, desde que não sejam as
nossas e o mundo, não importa que
mundo, ficará aos nossos pés.
Quanto a perda, só quem perde é
que sabe a dor. Ninguém levanta
e tenta outra vez sem que o rolo
compressor, do tempo, o atropele
e mutile antes. A nova
oportunidade, quando surge, vem
pintada em ouro ou talvez é toda
em ouro, mas o escaldo espanta o
gato e lá vamos nós sofrer, mais
uma vez...

silvioafonso.






.