Hoje é o dia que a minha vida começa. Hoje eu me torno uma cidadã do mundo. Hoje eu me torno adulta. Hoje eu me torno responsável para outros que não meus pais e para mim mesma. Hoje eu me torno responsável pelo mundo, pelo futuro, por todas as possibilidades que a vida tem a oferecer. A partir de hoje… Meu propósito é aparecer com os olhos abertos, com determinação e preparada. Pra que? Não sei, para qualquer coisa, para todas as coisas. Para enfrentar a vida, para enfrentar o amor, para enfrentar as responsabilidades e as possibilidades. Hoje minha vida começa. Ou recomeça? É a necessidade de mudanças. Nós não gostamos delas. Nós as tememos. No entanto, não conseguimos evitá-las. Ou nos adaptamos às mudanças, ou somos deixados para trás. Porque crescer é doloroso. Qualquer um que te disser que não, está mentindo. Mas aqui vai a verdade: às vezes, quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. E às vezes mudar é bom. Às vezes mudar é tudo. Porque a vida é assim: nascemos, vivemos, morremos; não necessariamente nessa ordem. Colocamos as coisas pra descansar apenas para ressuscitá-las de novo. Então com o que ainda podemos contar? Porque não dá pra contar com nada na vida. Viver é a coisa mais frágil, instável e imprevisível que existe. Entramos no mundo sozinhos e saímos dele sozinhos. E tudo que acontece entre isso? Devemos a nós mesmos encontrar uma companhia. Precisamos de apoio. Caso contrário, estamos nessa sozinhos. Estranhos. Desligados uns dos outros. E nós nos esquecemos o quanto conectados estamos. Então, ao invés disso, escolhemos o amor. Escolhemos a vida. E por um momento nos sentimos um pouco menos sozinhos. A gente cresce, fica mais velho… Mas, na maioria dos casos, a gente ainda é um bando de crianças correndo no parquinho desesperados para entrar num grupo, fazer parte. É a tão sonhada intimidade que também pode significar ‘aqui – está – o – meu – coração – por – favor – esmague-o – como – carne – moída – e – se – delicie’. É uma coisa ao mesmo tempo desejada e temida. Difícil de conviver com e impossível de se viver sem. Mas não é porque todas as canções um dia acabam, que não possamos curtir a música... É isso o que desejamos: recomeços, mudanças, intimidade, fazer parte, pertencer. E desejamos porque precisamos de ajuda. Estamos assustados e sabemos que talvez pedimos demais dos outros ou de nós mesmos, mas ainda desejamos porque às vezes os desejos se realizam. O desejo pode até ferrar com a sua vida. Mas por mais duro que seja querer muito uma coisa, as pessoas que mais sofrem são aquelas que sequer sabem o que querem. E a única maneira é encarar nossos medos de frente, e não importa se somos fortes, traumas sempre deixam uma cicatriz. Seguem-nos até nossas casas, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a todos, mas talvez essa seja a razão. Toda a dor, o medo, as idiotices. Talvez viver isso é que nos faz seguir adiante, é o que nos impulsiona. E essa dor, podemos diminuí-la, mas quando a vida sucumbe, quando nós sucumbimos, não há regras fortes e rápidas, apenas temos que superar. E talvez precisemos cair um pouco para levantar novamente. Mesmo quando nossas esperanças perdem para a realidade e finalmente temos que nos entregar à verdade. Isso significa apenas que perdemos a batalha de hoje, não a guerra de amanhã. E não sei porque passamos toda a vida nos preocupando com o futuro. Fazendo planos para o futuro. Tentando prever o futuro. Como se desvendá-lo fosse aliviar o impacto. Mas o futuro está sempre mudando. O futuro é o lar dos nossos medos mais profundos e das nossas maiores esperanças. Mas uma coisa é certa: quando ele finalmente se revela, o futuro nunca é como imaginamos. Não dá para saber qual dia será o mais importante da sua vida. Os dias que você pensa serem importantes nunca atingem a proporção imaginada. São os dias normais, os que começam normalmente que acabam se tornando os mais importantes. Mas mesmo assim faça um plano, tenha um objetivo. Trabalhe para alcançá-lo, mas de vez em quando, olhe ao seu redor e aproveite, porque tudo pode acabar amanhã. É uma das decisões e escolhas difíceis das quais você têm que fazer. E às vezes, até o melhor de nós tomamos decisões arriscadas… decisões ruins. Decisões que nós sabemos que vamos nos arrepender. No momento… no minuto… especialmente na manhã seguinte. Talvez não ‘arrepender’ arrepender… porque mesmo estando naquela situação, mesmo assim… alguma coisa dentro de nós decide fazer uma coisa louca. Uma coisa que sabemos que provavelmente vai se voltar contra nós e nos ferrar… Ainda sim, nós fazemos do mesmo jeito. O que estou dizendo é que... nós colhemos o que plantamos. Tudo que vai, volta. Mesmo que você tente amenizar. Então, as faça com sabedoria, pois decisões e escolhas apressadas, aquelas que vêm fáceis e rápidas, sem hesitação, são as que nos perseguem para sempre. E até hoje, eu acredito que, na maior parte do tempo, que o próprio o amor é uma questão de escolha. É uma questão de tirar os venenos e as adagas da frente e criar o seu próprio final feliz. Mas se há uma crise, não se desespere. Siga adiante. Porque certamente você já viu o pior, sobreviveu ao pior. E sabe que conseguirá sobreviver a mais essa crise também. O que devemos fazer então é esquecer e perdoar e seguir em frente. É isso que dizem por aí, apesar de não ser um conselho muito prático. Porque quando alguém nos machuca, queremos machucá-los de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos. Sem perdão, antigos placares nunca empatam, velhas feridas nunca fecham. O que é pior: novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deviam ter sarado anos atrás, mas nunca o fizeram? Não importa o quanto algo nos machuca, às vezes se livrar dele dói mais ainda. E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de esquecer. Mas a vida já é tão difícil, por que a gente fica arranjando mais problemas pra gente? Que necessidade é essa de apertar o botão de auto-destruição? Então você pode desperdiçar sua vida construindo barreiras e fronteiras ou então você pode viver ultrapassando-as. Mas há algumas que são perigosas demais para serem cruzadas. E aí vai o que eu sei: se você estiver disposto a se arriscar, a vista do outro lado pode sim ser espetacular. E porque a gente fica adiando essa travessia? Eu diria que tem muito a ver com o medo. Medo do fracasso. Medo da dor. Medo da rejeição. Seja lá do que a gente tenha medo, uma coisa é sempre verdade: com o tempo, a dor de não ter tomado uma atitude fica pior do que o medo de agir, reagir! Então concluímos que amor, coragem, gratidão, reconhecimento, agradecimento… Não importa quais palavras você use, todas têm o mesmo significado: Feliz. Nós deveríamos estar felizes, gratos pelos amigos, família. Feliz só de estar vivo… Você gostando ou não. Mas talvez gratidão não tenha nada a ver com alegria ou felicidade. Talvez estar grato signifique reconhecer o que você tem e para que serve…Apreciar pequenas vitórias…Admirar o esforço que leva simplesmente para ser humano. Talvez sejamos gratos pelas coisas familiares que conhecemos. E talvez sejamos gratos pelas coisas que nunca conheceremos. No final do dia, o fato de termos a coragem de ainda estarmos de pé…é razão suficiente para comemorarmos. Porque, apesar de tudo, as coisas boas nem sempre são o que parecem. Muito de qualquer coisa, até amor, nem sempre é uma coisa boa. Então deixe o passado para trás e comece de novo. É difícil resistir à chance de um novo começo, à chance de colocar os problemas de lado, deixar que alguma coisa que muda a gente, idealmente, nos dá esperança… A palavra ‘recomeço’ está sempre atraindo o ser humano para uma vida nova, estamos sempre recomeçando, fazendo novos filmes de nossas próprias vidas, ora um filme de comédia, ora uma tragédia grega, ora um drama, ora um romance... Isso nos renova, nos motiva, nos dá esperança, saber que sempre podemos recomeçar quando não estamos gostando do filme que estamos protagonizando, e em alguns casos, coadjuvando. Uma nova forma de viver e de olhar para o mundo. Desfazer-se de velhos hábitos, memórias antigas. O que importa, é nunca pararmos de acreditar que… podemos ter um novo começo. Mas também é importante lembrar-se de que no meio de toda essa confusão… existem algumas coisas que valem a pena serem mantidas. E aí quando você consegue a tal superação e alguma coisa grande e boa está para acontecer com você, você consegue sentir. Eu sei que é fácil dar uma solução rápida quando você não sabe muito do problema. Ou quando você não entende o que realmente está por trás da ferida, ou quão profunda a ferida realmente é. Mas o primeiro passo para a verdadeira cura é saber exatamente o que é para se poder tratar. Nós deveríamos esquecer o passado que nos trouxe até aqui, ignorar as complicações futuras que irão surgir, e ir para a solução rápida. Mas o mundo é cheio de inesperadas reviravoltas. E quando você acha que é dono do seu nariz, da sua vida e do mundo, o chão sob você sai do lugar e te derruba. Se você tiver sorte, acabará com nada mais do que um arranhão. Algo que um band-aid irá cobrir. Mas alguns machucados são mais profundos do que aparentam ser e necessitam de mais cuidado do que um simples curativo. Permitir que alguém entre, por exemplo, significa abandonar as paredes que passou construindo toda a vida. E mesmo assim não importa o quanto você tente, não importa se são boas suas intenções, você cometerá erros. Você irá machucar pessoas. E se machucar. Definitivamente, tudo que fazemos é causar danos. E aqui vai a verdade sobre a verdade: ela machuca, mas talvez a gente goste da dor. Porque sem ela, talvez, a gente não se sentisse vivo. Nós todos atravessamos a vida magoando nós mesmos… magoando a outras pessoas. O problema é tentar descobrir como controlar o dano que causamos, ou o que foi feito em nós. Algumas vezes o estrago nos pega de surpresa. Às vezes nós pensamos que podemos corrigir o estrago. E às vezes o estrago é alguma coisa que nem sequer podemos ver. No fim das contas todos nós estamos machucados, por algum motivo ou por alguém ou por nós mesmos. Pois quando nosso coração está ameaçado, nós respondemos de duas maneiras: ou nós corremos, ou nós atacamos. É instinto. Não podemos controlar… ou podemos? Então o fato é esse: todos nós fazemos estragos…. E aí, pensamos em consertar…. o que pudermos. Então vem a solução mais complicada, e digo complicada porque não depende só de você, depende de todos os envolvidos nessa queda: o conserto. Claro que desculpas nem sempre consertam as coisas. Talvez porque usamos demais e de diferentes formas, como uma arma, como fuga. Mas quando realmente estamos arrependidos, quando tentamos consertar, quando realmente queremos e quando consertamos, desculpar é perfeito. Quando fazemos certo, se desculpar é se redimir. Sei que na prática isso é significado de sacrifício, mas a vida requer certos sacrifícios. Tem dias em que o sacrifício parece valer a pena. E tem dias em que tudo parece ser um sacrifício. E também existem os sacrifícios que você nem se dá conta do porque está a fazer. Um sábio disse uma vez que você pode ter o que quiser na vida, se sacrificar o resto por isso. O que ele quis dizer é que tudo tem seu preço. Então, antes de entrar para a batalha, melhor que decida o quanto está disposto a perder. Pois seres humanos precisam de muitas coisas para se sentirem vivos… precisamos mais que um coração batendo. Precisamos que esse coração se sinta vivo, quente, preenchido, acompanhado, que ele não se sinta só nessa batalha pra se sentir forte o suficiente pra vencer.
(depois de tanto ouvir os discursos de Meredith Grey, nasceu essa postagem...)