23/06/2010

A Saga do Amor - Parte IV (O amor e suas flutuações)


Passado o frenesi da paixão, quando um só tem olhos para o outro, o casal vive uma outra fase do amor, mais tranquila, em que os parceiros começam a retomar a individualidade. Essa mudança muitas vezes não acontece ao mesmo tempo para os dois, o que requer de ambos um esforço de compreensão, sob o risco de pôr a perder uma relação promissora.


O ser humano deseja ao mesmo tempo estabilidade e instabilidade. Premidos pela curiosidade e pela insatisfação com a rotina, procuramos "sarna pra nos coçar", como diriam nossos sábios avós. Porém, o desejo de estabilidade permanece, ainda que essa estabilidade seja cada vez mais difícil de se alcançar num tempo em que tudo se move.


Karl Marx, o filósofo e economista alemão, já dizia que "tudo que é sólido se desmancha no ar". Do conforto da previsibilidade, passo a passo chegamos a um mundo em perene movimento. Tudo se agita. E, no entanto, continuamos precisando de estabilidade, tanto quanto de instabilidade. Para duas pessoas apaixonadas, a estabilidade existe na forma de ininterrupção. Eles desejam estar e estão sempre que podem juntos. Isso, para eles, é amor.


Só têm olhos um para o outro e nada que não seja sua paixão os distrai. Porém, cedo ou tarde a paixão dá lugar a um sentimento mais tranqüilo, que permite que se olhe para os lados, para fora da relação apaixonada. A pessoa que estava perdida dentro da outra retoma a individualidade e, ao fazê-lo, vive processos e sentimentos que estavam latentes. Seu amor, mesmo que sólido e incontestável, não se traduz mais em dedicação total.


Agora existem aproximações e afastamentos, flutuações de intensidade e qualidade, sentimentos paradoxais, fantasias, curiosidades que fazem olhar para além da relação. A mudança pode acontecer em tempos diferentes para cada um. E aquele que continua apaixonado não entende o que se passa. Acha que não é mais amado, e isso se torna fonte de mal-entendidos.


É importante que um se ponha no lugar do outro para entender o que está vivendo, mas pedir isso a um apaixonado é quase perda de tempo. O esforço virá mais facilmente daquele que já passou o período da paixão absoluta. Ele terá condições de compreender e acolher a incompreensão do parceiro, sem se revoltar com o que poderá ser sentido como tentativa de controle e dominação. Talvez valha mais a pena este esforço do que simplesmente se afastar de uma relação amorosa promissora.


(Baseado nos estudos de Nahman Armony, médico psicanalista)

21/06/2010

A Saga do Amor - Parte III (Qualidades e defeitos da pessoa amada)


No começo de uma relação, nossa tendência é idealizar o parceiro. Só conseguimos enxergar o que ele tem de bom e de comum com a gente. Depois, com o tempo, a realidade se impõe e passamos a só dar valor aos aspectos negativos e às diferenças que tem conosco.
Equilibrar nossa visão do parceiro é um exercício que vale a pena ser feito, porque evita muitos conflitos desnecessários.

Quando conhecemos alguém que nos interessa, colocamos atenção do suas qualidades, nas coisas que acreditamos ter em comum, enaltecemos tudo que a pessoa faz por nós. Em contrapartida, damos atenção mínima aos seus pontos negativos e negamos as diferenças que tem conosco. Em outras palavras, o idealizamos.

Com o tempo, a realidade se faz presente e a idealização não se sustenta. Aí começam os problemas. Sentimos-nos traídos, enganados. A verdade é que nosso cérebro distorceu nossa visão. Ao cair na real, cometemos outro erro: passamos a depositar atenção dobrada nos defeitos da pessoa e nas diferenças que tem conosco, eliminamos seus pontos positivos, negamos o que temos em comum - parece que o antigo amor-perfeito agora só faz coisas que nos aborrecem e por isso desejamos nos afastar.
Fica difícil fazer com que um entenda que o outro não pretende magoar ou aborrecer.

As coisas seriam mais fáceis se nos empenhássemos em colocar atenção igual no que o outro tem de positivo e de negativo. Teríamos uma visão mais equilibrada, seríamos mais justos, mais tolerantes.

O objetivo então deve ser manter o foco nas virtudes do outro, pois a primeira coisa que fazemos quando ele nos aborrece é esquecê-las.


(Baseado nos estudos de Rosa Avello, psicoterapeuta e especialista em sexualidade humana e na identificação de perfis psicológicos)

11/06/2010

26 dias dos namorados solteira!



Junte num cenário: você solteira + aquela pessoa que você tem na cabeça e que não te corresponde + casais juntinhos no maior love sempre esbarrando em você + amigos lhe contando planos românticos para jantares e troca de presentes + o dia dos namorados. Juntou? Pois é, é de deixar qualquer um down. Então parabéns pra mim, pois esse é o 26 ano que passo o dia dos namorados solteira! Sério mesmo... Já tive alguns namoros, todos longos, mas sempre passei esse dia ou solteira ou separada do namorado. Karma? Talvez. O fato é que nunca experimentei passar esse dia como um casalzinho de passarinho, com beijinhos, bem coladinho, de chameguinho, troca de presentinhos e mais um monte de 'inhos' bem típicos desse dia. É a vida né. Fazer o quê? Mas que me atire o primeiro anel de compromisso a mulher que nunca esteve solteira e odiando estar só no dia dos namorados. É de dar raiva. Você logo pensa: poxa vida, logo você que é tão bacana, querida, bem resolvida, bonita, não consegue gostar de ninguém ou aquele cara dos seus sonhos não aparece ou, pior, não se liga em ninguém porque gosta de alguém que não te corresponde. É dose! Acho que vou fazer um ano de oração 'braba' em prol disso pra ver se Deus afasta esse karma de mim. E ano que vem quero voltar aqui e postar coisas melosas, bobas e bregas sobre meu namorado e eu. Se Deus quiser!

08/06/2010

A Saga do Amor - Parte II (Respeitando o luto pelo rompimento)



Respeitar o luto pelo rompimento ajuda no sucesso da nova relação.

Quem não vivencia a dor da separação - e entra em outro relacionamento ainda sob o impacto de frustrações mal digeridas - não consegue administrar a interação dos vínculos anteriores com os novos e tão pouco ter tranqüilidade para avaliar o que quer e o que não quer de um futuro parceiro. Isso tudo aumenta o risco de que os erros do passado se repitam.

Ao se pensar em uma nova relação, após o encerramento de outra, cabe fazer algumas reflexões e tomar alguns cuidados.

A primeira questão fundamental é respeitar e suportar a fase de luto pós-rompimento. Por pior que a relação tenha sido, o rompimento traz dores inevitáveis. São os projetos frustrados, as raivas reacendidas, as culpas irracionais, as perdas de todos os tipos. Tudo isso, mais as dificuldades específicas de cada caso, provocam sensações dolorosas.

Uma pessoa pode vivenciar esses sentimentos e se permitir chorar a dor, expressar a raiva e limpar a culpa antes de refazer novos projetos relacionais. Quem não suporta viver esse período de luto corre o risco de sair em uma corrida desenfreada para colocar alguém no lugar da pessoa que se perdeu. Dessa maneira, vai começar uma nova relação ainda preso às frustrações e às expectativas da anterior.

Aprender a viver sozinho e a lidar com a solidão são duas importantes tarefas no crescimento emocional e podem ser treinadas nessa fase.

Em função das dificuldades na relação anterior e do desejo de acertar dali para a frente, muitos passam a idealizar o próximo relacionamento. Nessa fantasia, correm o risco de não enxergar o novo parceiro com olhos de realidade. Desejam uma relação sem problemas ou têm desejos impossíveis de que eles não tenham necessidades nem dificuldades.

Outro ponto a ser considerado é uma preparação para esse novo relacionamento. Para isso é preciso ter consciência do que se quer e do que não se quer na nova relação, e ter claras as concessões que se está disponível a fazer. Só então será possível examinar o novo parceiro e avaliar quais itens serão fáceis na convivência e quais precisarão de discussão e negociação mais elaborada.

Tomando esses cuidados, a nova relação poderá ser uma fonte de prazer e crescimento, livre dos tormentos da anterior e, na medida do possível, das armadilhas do imprevisto.


(Baseado nos estudos de Solange Rosset, psicóloga e terapeuta relacional)

07/06/2010

A Saga do Amor - Parte I (Escolhendo a pessoa)


Imagine a história (não tão incomum, eu garanto):

Um jovem se envolve com alguém e constrói um relacionamento cheio de afinidades intelectuais, culturais, afetivas e físicas. Tudo corre bem até que aparece uma terceira pessoa que se apossa do interesse do jovem.

No momento em que uma terceira pessoa desperta a atração, surge a necessidade de escolher, o que desencadeia tanto medos e culpas quanto muito sofrimento. Vêm então a sensação de culpa e a tentativa de negar a força da nova relação, reafirmando o amor incondicional e infinito pela pessoa com quem já vinha se relacionando. E aí é que está o dilema: com quem ficar?

Ele se sente comprometido com a primeira pessoa que entrou na sua vida, pelas promessas já feitas, próprias e inevitáveis das relações amorosas. Por essa culpa e em nome da ética, poderá, com muita dor, renunciar ao novo amor e aprisionar-se em um relacionamento que poderá ser feliz, mas presumivelmente não terá a alegria e a vitalidade que haveria na outra relação.

Outro fator que pesa é a sensação de segurança resultante do tempo de convivência, dos planos para o futuro a dois, das redes familiares que se formam, das reafirmações de um amor verdadeiro que se pretende indestrutível.

Mesmo com todas essas sensações será uma escolha acompanhada de terrível sentimento de perda de algo novo, que poderia ser muito bom. A opção pela outra relação também traz sofrimento, pela perda de uma ligação boa, carinhosa e confiável, pela culpa e também pelo sentimento de ser um canalha que coincidirá com o julgamento social (que acaba, injustamente, acontecendo, mesmo que ele esteja tentando agir da forma mais correta possível).

O dilema é de difícil solução e será preciso um tempo para que nessa dinâmica a três apareça uma escolha. Quando falo de dinâmica, penso nas diferentes reações possíveis de cada um dos componentes do trio em suas interações. Não há o que fazer a não ser esperar que a situação se desenvolva de modo que, por seu movimento próprio, venha apresentar uma saída.

Esta, porém, nunca será inteiramente satisfatória.

Escolher entre dois amores não é nada fácil, porque envolve perdas. Um envolvimento amoroso que se forma em meio a outro (sendo este ainda um compromisso ou uma relação acabada e mal resolvida) gera tanto angústia quanto confusão na maioria das pessoas. A decisão sobre com quem ficar deve partir de uma contabilidade delicada entre o que manda a razão e o que pede o coração.

O difícil, porém, é aceitar que no momento em que se opta por um dos amores certamente se estará perdendo o outro.

Conselhos não adiantam. A paixão é cega, surda e burra. Se somos mais emocionais, seguimos o coração. Se somos mais lógicos, escolhemos a razão. Feita a escolha, deve-se aceitar a perda e deixar o outro seguir seu caminho. Assim poderá ser feliz. Simples assim? Não! Acredite em mim: é beeeem mais complicado na vida real. Eu sei o que estou dizendo.


(Baseado nos estudos de Nahman Armony, médico psicanalista e Leniza Castello Branco, psicóloga e analista).